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Resumo:
O melanoma é o câncer com maior aumento na incidência nos últimos anos e suas características precisam ser conhecidas no Estado da Bahia. Este estudo é composto de duas partes: Dissertação sobre os aspectos gerais do melanoma e como segunda parte um estudo dos casos acompanhados pelo autor que tem como objetivo avaliar as características clínicas, demográficas, epidemológicas e histopatológiacas do melanoma cutâneo no Estado da Bahia, como também determinar as diferenças raciais, distribuição entre as instituições e o papel da manipulação prévia inadequada como fator prognóstico. Estudo retrospectivo em duas instituições. No período 1/03/1992 a 31/12/2000, 274 casos sucessivos com comprovação histológica, acompanhados por um mesmo cirurgião oncológico. Variáveis estudadas: instituição; idade; sexo naturalidade; procedência; raça; local da lesão primária; nível de Clark; espessura de Breslow; fase de crescimento; tempo de doença; biópsiaincisional excisional; presença de ulceração; associação com gravidez; uso de reposição hormonal e anticocepicional oral; tipo histológico; manipulação prévia; tratamento; recorrência; sobrevida e mortalidade. Foram considerados como critérios para manipulação prévia inadequada: cirurgia da lesão primária sem estudo anátomo-patológico; cauterização química ou elétrica; margens inadequadas;nodulectomia e não linfadenectomia no estádio III. 274 caso, 80 (rede pública) e 194 (clínica privada). Perda de seguimento de 1,46%. O Tempo médio de seguimento foi de 05 anos. Idade média de 52,4 anos. Sexo masculino 44,9%, feminino 55,1%. O tempo médio entre a percepção da lesão até o diagnóstico foi de 22,2 meses. O nível de Clark não foi mensurado em 10,9% dos laudos e a espessura de Breslow em 35%. A rede pública apresentou maiores níveis de Clark; espessura de Breslow; ulceração; fase de crescimento vertical e estadios mais avançados. Em relação à raça: Brancos 73,4%, pardos 10,9% e negros 15,7%. A raça branca predominou no serviço privado (87,6%) e a negra no serviço público (42,5%). Tipo histológico: 19,0% acral lentiginoso, 47,1% superficial, 25,9% nodular, 2,9 tipo lentigo maligno, 5,1% não classificado. Na raça branca o malanoma superficial correspondeu a 53,7% e na raça negra predominou o acral lentiginoso 81,4%. Os pacientes foram estadiados como: I 52,9%; II 25,2%; III 12,0% e IV 9,9%. Em relação a manipulação prévia: 34,3% sem manipulação, 41,6% com manipulação prévia adequada e 24,1% com manipulação prévia inadequada. A recidiva nestes grupos ocorreu em 2,1%, 2,6% e 25,8% respectivamente (p<10 –17 ) e a mortalidade em 11,7%, 2,6% e 40,9% respectivamente (p<10 –11 ) . A recidiva global foi de 8,0% e a mortalidade global 15,0%. Foram significativas para mortalidade, na analise univariada: nível de Clark IV e V; espessura de Breslow> 1,51mm; ulceração; tipo histológico nodular e acral lentiginoso; fase de crescimento vertical; presença de recidiva; manipulação prévia inadequada e estadiamento III e IV. A análise multivariada, com regressão logística revelou que os fatores prognósticos independentes para mortalidade foram o estádio, (p<000001), com odds ratio de 42,83 (IC 96% 14,9 – 122,6); seguido da manipulação prévia inadequada, p=0,004 e odds ratio de 3,83 (IC 95% 1,5 – 9,7). Diferenças significativas entre as instituições públicas e privadas, com dados de pior prognóstico no serviço público. A Bahia possui um alto percentual de melanoma acral lentiginoso, diferente dos dados do Brasil. Predominância do melanoma acral na raça negra. O atraso no diagnostico foi significativo. A manipulação prévia inadequada foi um fator prognóstico adverso, para a recidiva e mortalidade, sendo superada apenas pelo estadiamento.
Palavras-chave: Melanoma; Acral, Manipulação prévia, Raça, Bahia
Orientador: Luiz Antonio Rodrigues de Freitas
Disponível em: http://www.bahia.fiocruz.br/igmdisc/?id=ENzu5930TPJxuD3
Defesa: 22/04/2003
Banca examinadora:
Jorge Luiz Andrade Bastos
Achiléa L. Bittencourt
Luiz A. R. de Freitas[:]