[:pb]AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE EM PACIENTES COM CANDIDÍASE VAGINAL RECORRENTE[:]

[:pb]Resumo: A candidíase vaginal recorrente é uma doença de distribuição mundial causada pelo fungo do gênero Candida. Caracterizada pela ocorrência de pelo menos 4 episódios de candidíase no período de 1 ano, esta doença atinge cerca de 5% das mulheres sadias no mundo. O mecanismo pelo qual ocorre a transformação da Candida da sua forma não patogênica para a forma patogênica não é esclarecido. Trabalhos contraditórios tem sido publicado a respeito da imunopatogênese da candidíase vaginal recorrente. Enquanto alguns estudos mostram diminuição da resposta linfoproliferativa e do teste intradérmico de hipersensibilidade tardia para o antígeno de Cândida nestas pacientes, outros não encontram diferença entre os níveis de citocinas de pacientes com candidíase vaginal recorrente e mulheres sadias. Resposta alérgica (hipersensibilidade tipo I) com altos níveis de IgE e presença de eosinófilos também tem sido reportadas em pacientes com candidíase vaginal recorrente. O presente estudo teve como principal objetivo cacterizar a resposta imune em pacientes com candiíase vaginal recorrrente e avaliar o papel de citocinas e antagonistas de citocinas na modulação da resposta imune nestas pacientes. Participaram deste estudo 20 pacientes com diagnóstico de candidíase vaginal recorente e 7 mulheres com candidíase vaginal esporádica com controle. Para a análise da resposta linfoproliferativa e para a dosagem de citocinas, CMSP foram lavadas a incubadas em presença de antígneo de C. albicans, PPD, TT ou PHA por 72 hs para adosagem de citocinas ou 5 dias para o ensaio de transformação blástica. Em algumas culturas foram adicionadas anticorpos monoclonais anti-IL4, anti-IL10 ou IL-12 humana recombinante. A resposta linfoproliferativa foi realizada através da incorporação de 3H Timidina e a dosagem de IFN-y, IL-5 e IL-10 foi realizada pela de ELISA sanduiche. Todas as pacientes com candidíase vaginal recorrente tiveram teste de hipersensibilidade tardia para o antígeno de C. albicans negativo. A resposta linfoproliferativa para o antígeno C. albicans foi baixa nas 7 pacientes nas quais foi feita a avaliação (1239 ± 861 com). Índices de estimulação mais elevados (p<0,05) foram observados quando PPD (IE=4,5) ou TT (IE=32) foram utilizados como estímulo nas culturas destes, pacientes em comparação com culturas estimuladas com antígeno de C. albicans (IE=1,3). A produção de IFN-y em 19 pacientes variou de 0 a 1132 pg/ml com média e desvio padrão de 144 ± 329 pg/ml. Ausência de produção de IFN-y foi observada em 8, baixa produção foi observada em 9 e apenas 2 produziram níveis elevados de IFN-y. Nos sobrenadantes de culturas de células mononucleares de mulheres com candidíase vaginal esporádica foram encontrados altos níveis de IFN-γ quando estimuladas com antígeno de C. albicans (353 ± 248 pg/mi). Baixos níveis de IL-5 e IL-10 foram encontrados nos sobrenadantes de culturas de pacientes com candidíase vaginal recorrente estimuladas com antígeno de C. albicans. A adição de anticorpos monoclonais anti-IL-10 às culturas estimuladas com antígeno de C. albicans restaurou a resposta linfoproliferativa e a produção de IFN-y de 889 ± 339 cpm, para 3421 ± 1908 cpm e de 64 ± 70 pg/ml, para 750 ± 753 pg/ml respectivamente. A adição de anticorpos monoclonais anti-IL-4 não restaurou a resposta linfoproliferativa ou a produção de IFN-y. A adição de IL-12 recombinante humana foi capaz de restaurar a produção de IFN-y de todas as pacietes com candidíase vaginal recorrrente (p=0,0004). Pacientes com candidíase vaginal recorrente apresentaram altos níveis de IgE sérica específica para o antígeno de C. albicans, embora não tenha havido diferença entre os níveis de IgE sérica antígeno específica quando estes dados foram comparados com os níveis encontrados em controles. Estes resultados indicam que a maioria das pacientes com candidíase vaginal recorrente apresentam uma incapacidade de produzir IFN-y quando células mononucleares são estimuladas in vitro com antígeno de C. albicans e que a neutralização de IL-10 ou a adição de IL-12 restaura esta produção. Estes dados contribuem para o entendimento da imunopatogênese desta importante enfermidade e abre perspectivas para a utilização da imunoterapia no tratamento da candidíase vaginal recorrente. Palavras-chave: Candidíase vaginal, imunidade Orientador: Amélia Maria Ribeiro de Jesus Disponível em: http://www.bahia.fiocruz.br/igmdisc/?id=70kXHDHkA9FYoaS Defesa: 05/04/2002 Banca examinadora: Lain P. de Carvalho Ricardo Ribeiro dos Santos Amélia de Jesus[:]