[:pb]O ESTUDO DO ENCÉFALO NA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA NA BAHIA, BRASIL.[:]
[:pb]Resumo:
O envolvimento do sistema nervoso central (SNC) como causa de morbidade e mortalidade nos casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é evidenciado pela alta frequência das manifestações neurológicas e neuropatológicas. O comprometimento do SNC pode decorrer da ação direta do vírus, tendo como principal repercussão primária a encefalopatia pelo HIV ou de forma indireta pelo desenvolvimento de afecções oportunistas resultantes da imunossupressão. A variedade dos quadros neurológicos depende de vários fatores como: o estágio da doença, a forma de contaminação pelo vírus, a terapêutica utilizada e as diferenças regionais que favorecem a presença de associação com enfermidades de importância local. No Brasil, os estudos com séries mais representativas sobre as lesões do SNC nos pacientes com AIDS estão restritos ao Sudeste e Sul do país cuja realidade regional é distinta do Nordeste. Avaliar as alterações do encéfalo nos casos de AIDS em Salvador, Bahia. Determinar a prevalência de anormalidades pelo exame anatomopatológico e imuno-histoquímico. Estabelecer a frequência das infecções oportunistas e da encefalopatia pelo HIV e suas associações, estudando as características morfológicas. Detectar a presença do HIV no tecido cerebral. Comparar os dados obtidos com aqueles de outras regiões do Brasil e do mundo. O estudo consta de 62 casos consecutivos de AIDS necropsiados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (UFBA) no período de 1991 a 1999. Os encéfalos foram avaliados através do estudo macroscópico, histológico e imuno-histoquímico. A presença de HIV foi detectada utilizando-se imuno-histoquímica com o anticorpo monoclonal p24. O estudo mostrou elevada prevalência de lesões encefálicas ocorrendo em 93,5% dos casos, sendo que destes 61% apresentaram alterações macroscópicas e 64,5% sintomas neurológicos. As infecções oportunistas foram responsáveis pelo maior número de lesões ocorrendo em 53% dos casos, assim distribuídas: toxoplasmose 29%, tuberculose 10%, criptococose 6,5%, histoplasmose 4,8%, citomegalovirose 4,8% e Leucoencefalopatia multifocal progressiva 3,2%. A lesão por ação direta do HIV foi observada em 9,5% dos casos e todos apresentaram intensa positividade para p24 em macrófagos e/ou células gigantes multinucleadas. Em 29% dos encéfalos sem alterações histológicas características da ação direta do HIV foi observada positividade para proteína p24 em macrófagos. Os resultados obtidos demonstram a importância do estudo microscópico do SNC no diagnóstico da encefalopatia por HIV e de infecções oportunistas na AIDS. Mostram ainda, que existem diferenças na frequência das alterações diretamente relacionadas com o vírus e infecções oportunistas, quando se compara com estados do Sul e Sudeste do Brasil e outras regiões do mundo. Destaca-se que a neurotuberculose foi a segunda infecção oportunista em frequência, diferentemente do que se observa no Sul/Sudeste do Brasil. Entre as alterações histológicas ressalta-se a elevada frequência de alterações no plexo coróide e epêndima sugerindo tratar-se de importantes portas de entrada e fontes de disseminação de doenças.
Palavras-chave: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; HIV; Sistema Nervoso Central; Infecções oportunistas
Orientador: Aristides Cheto de Queiroz
Financiador:
Disponível em: http://www.bahia.fiocruz.br/igmdisc/?id=8plwdkQBX0uAig2
Defesa: 04/07/2001
Banca examinadora:
Carlos Brites
Helenemarie Barbosa
Aristides Queiroz[:]